Natural de Porto Alegre, Marianne Heinisch, ou apenas Marie, é a prova de sonhos precisam ser vividos. Estudante de jornalismo na Universidade Federal de Sergipe (UFS), tem 23 anos, ela realizou seu intercâmbio em Valledupar, na Colômbia.
Interessada sobre trabalho voluntário exterior há alguns anos, Marianne procurava informações na internet sobre o assunto, e uma dessas buscas ela conheceu a AIESEC. Ela confessa que ficou um pouco cabisbaixa, pois uma das proposta da organização é promover a liderança, qualidade que não via em si.
Interessada sobre trabalho voluntário exterior há alguns anos, Marianne procurava informações na internet sobre o assunto, e uma dessas buscas ela conheceu a AIESEC. Ela confessa que ficou um pouco cabisbaixa, pois uma das proposta da organização é promover a liderança, qualidade que não via em si.
"Em uma dessas buscas eu encontrei o site da AIESEC. Entrei, dei uma lida, mas essa coisa de promover liderança me deixou um pouco pra baixo... nunca me vi como líder de nenhuma forma e achei que isso seria um pré-requisito. Sou muito quieta, muito reservada, muito no meu canto, faço o meu trabalho bem feito mas não é do meu perfil ter ideias brilhantes e liderar, então não me interessei tanto."
Ainda curiosa com a proposta, ao ver uma publicação na internet sobre o intercâmbio voluntário cidadão global procurou um dos membros da AIESEC para saber mais sobre o programa. Ao perceber que era isto que deseja, seguiu com o processo, mesmo não acreditando em seu potencial de liderança. Ela diz que sofreu com rejeição dos pais, principalmente sobre a questão financeira, pois eles não queriam comprar a passagem dela.
Com sua inscrição no sistema de vagas, muitas surgiram, e seu desejo era ir para todas, mas apenas uma poderia ser sua escolha. Veja como isto aconteceu:
" Desde que fui inserida no sistema da AIESEC, os emails de vagas surgiam sem parar e eu queria ir pra todos (Índia, Russia, Eslováquia, Líbano, Argentina). No meio de todos esse emails recebi o email de Valledupar, perguntando se eu tinha interesse. A mensagem foi tão doce, tão cativante, que me deu a maior vontade do mundo de vir e conhecer a pessoa que me escrevia."
Mesmo não dominando o idioma espanhol ela quis essa vaga e foi em busca dela. Começou a estudar espanhol, seja pedindo auxílio de membros da AIESEC ou do amigo de todos, o Google, mas ela não desistiu, fez a entrevista e foi aprovada. Sobre o apoio dos membro da AIESEC em Aracaju ela enfatiza:
"Fiquei impressionada a responsabilidade, dedicação e união de todo mundo, da forma como resolvem problemas, como interagem, como se preocupam... e eu amo todo mundo, pronto falei. É muito carinho, muito amor, muita admiração e muito agradecimento por tudo o que eles fizeram nesse processo. "
Marianne contou sobre suas expectativas quanto a Colômbia, a Valledupar e o trabalho que ela realizaria lá:
" Nunca criei expectativas antes de chegar lá, ver e sentir tudo. Eu sentia o maior frio na barriga, passava noites sem dormir sofrendo de ansiedade e imaginava como iria lidar com meu espanhol caduco. Não queria esperar nada, criar nenhum tipo de "sonho" para não quebrar a cara depois, me desapontar. Buscava tudo o que podia no google. Li a Wikipedia de Valledupar centenas de vezes... Esse processo me fortaleceu para lidar com imprevistos, manter a cabeça no lugar e lembrar SEMPRE que meu objetivo estava relacionado com os jovens com quem trabalho "
Ao falar de sua experiência em Valledupar, Marie destaca o sorriso no das pessoas, mesmo diante das dificuldades enfrentadas:
"Foi realmente um caso de amor. As pessoas em Valledupar são muito prestativas e amáveis, tem muito interesse em conhecer novas culturas. A vida é simples e tranquila e apesar das dificuldades pelas quais passa a maioria da população, todos estão sempre com um sorriso no rosto. Trabalho numa escola, a mais pobre e com menor taxa de desempenho daqui. Pego alunos entre 12 e 17 anos e temos por volta de 400. Trabalhamos todos os dias pela manhã. Desenvolvemos com eles noções de auto-conhecimento, liderança, empreendedorismo, drogas, sustentabilidade. Realizamos dinâmicas de grupo em todas as aulas."
Sobre sua incapacidade de liderar, dita no início deste texto, Mariane se surpreendeu com habilidades que desenvolveu:
" Me surpreendi ao me ver liderando as aulas, as dinâmicas, tendo controle sobre a classe, me fazendo compreender mesmo com o espanhol ruim e conquistando respeito. Imagina eu, que mal consigo falar em público!!! Tenho alunos que me abraçam quando me veem, que me dão café e biscoitos, que querem voltar comigo e é muito revigorante."
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Marianne e seus alunos |
/ Além do trabalho que lhe fora realizar, surgiram outras oportunidades, as quais enriqueceram seu intercâmbio, uma sendo na Fundación Carboandes, que promove o desenvolvimento humano e sustentabilidade ambiental e é uma das organizações mais importantes do segmento no estado de Cesar. Lá tinha como tarefa visitar povoados ao redor de Valledupar num projeto que visa melhorar as condições de vida de seus moradores e lutar por direitos humanos de acordo com metas da ONU. E outra foi trabalhar num jornal local, acompanhado um dos jornalistas da redação.
Marianne afirma ter sido esta uma das melhores experiências de sua vida. Vejo o depoimento dela sobre o intercâmbio:
"Ser voluntário em um intercâmbio social é o melhor presente que podemos dar a nós mesmos. É quebrar barreiras culturais, quebrar nossos próprios limites, descobrir e desenvolver habilidades que sequer sabíamos existir... é dar amor a quem não tem nada e recebê-lo em troca sem pedir."